1ª Leitura: Zc 9,9-10
Sl 144
2ª Leitura: Rm 8,9.11-13
Evangelho: Mt 11,25-30
A liturgia de hoje é um pedido que erguemos a Deus para que renove em nós a Sua alegria. Isto nos é expresso pela coleta de hoje: “Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas.”
Pedimos a Deus que neste dia nos encha de uma santa alegria! E eis os motivos dessa alegria: primeiro, porque em Cristo fomos libertos da escravidão do pecado, e cada domingo é para nós atualização da memória deste mistério da renovação de todas as coisas, o mistério da Páscoa do Senhor; em segundo lugar, pedimos que o Senhor renove a nossa alegria, porque estamos certos de ser introduzidos por Cristo no gozo das alegrias eternas. O Domingo é o dia da nossa alegria por causa disto: porque nele fazemos memória do Mistério da nossa Salvação e porque ele antecipa para nós o céu, quando estaremos para sempre unidos ao Senhor ao redor da mesa que Ele preparou para nós.
Neste domingo somos alimentados pela Palavra que Deus nos dirige. Estamos na quarta parte do Evangelho de Mateus, onde Jesus nos fala a respeito do “Mistério do Reino dos Céus”. A perícope de hoje começa com essa atitude de louvor de Jesus: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” Jesus exulta numa atitude de louvor ao Pai que revela os mistérios do Reino não aos sábios e inteligentes, mas aos pequeninos. Jesus já dizia em outra passagem que é preciso acolher o Reino como uma criança. É um paradoxo: não são os sábios e instruídos mestres da Lei que acolhem a Palavra, mas o povo simples, que possuía o coração aberto. Assim também acontece conosco. Precisamos acolher o Reino de Deus com um coração de criança. Precisamos ter um coração simples e puro, para conhecermos os mistérios do Reino de Deus. Não podemos nos fechar na nossa própria sabedoria, mas devemos sempre estar abertos, ter um coração aberto e puro, para que os mistérios do Reino de Deus possam ser assimilados por nós.
Na continuação do evangelho, Jesus fala da sua intimidade com o Pai. Ninguém conhece o Pai senão o Filho e ninguém conhece o Filho senão o Pai. E ninguém pode conhecer o Pai sem que o Filho o revele. O Filho e o Pai estão nessa profunda e amorosa intimidade. Os dois se conhecem intimamente. É a profunda consciência que Jesus tem da sua intimidade com o Pai. E o Filho, se torna o único mediador entre os homens e o Pai. Cristo é o único caminho pelo qual podemos chegar a conhecer o Pai.
E, finalmente, a terceira parte desse Evangelho é um convite de Jesus para nós. Todos os que estamos cansados de carregar nossos fardos, devemos ir a Jesus. Nele e somente n’Ele podemos ter descanso. Todos temos os nossos fardos. Cada um tem o seu próprio fardo e cada um sabe o quando está fatigado e sobrecarregado. Mas em Jesus podemos encontrar repouso. É como o próprio Deus nos diz pela boca do profeta Jeremias: “…darei abundância àquele que estava esgotado e saciarei todo aquele que desfalecia” (cf. 31,25). Em Cristo esta profecia se realiza, porque o Senhor é o nosso repouso.
Devemos aprender com Ele que é manso e humilde de coração e assim encontraremos repouso para as nossas almas. Enquanto os fariseus lançavam pesados fardos sobre as costas dos homens envolvendo a Lei de amor dada por Deus por prescrições que a tornavam insuportáveis aos homens, Jesus vem fazer aos homens um convite ao seguimento. Devemos viver a vida não como se ela fosse um fardo, mas devemos lançar-nos no coração de Cristo, e encarar mesmo os momentos de sofrimento e dor como uma etapa nobre, na qual nós também podemos crescer. Devemos lançar-nos no coração de Cristo, e ali encontrar paz e repouso. Quando no meio do mundo não encontramos paz e repouso, existe um lugar, e o coração de Cristo é este lugar, onde a podemos encontrar.
Assim como o Evangelho retrata para nós um paradoxo – não são os mais sábios, mas os mais simples que acolhem a Palavra de Cristo – também a primeira leitura trata de um outro paradoxo. O Messias não é como um rei humano. O Senhor do céu e da terra vem pobre e montado num jumentinho. Este rei do qual o profeta fala é figura de Cristo que entra em Jerusalém sentado também num jumentinho; é figura de Cristo, que reina da cruz, que tem como trono o madeiro sagrado. Ele é o Rei, o verdadeiro Rei, manso e humilde de coração. Ele é o Rei cantado no Salmo de hoje: “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão” (cf. v. 8).
Não poderíamos deixar de falar da segunda leitura. Nós que recebemos o Espírito de Cristo, devemos viver segundo o Espírito. Se vivermos segundo a carne morreremos, mas se vivermos segundo o Espírito, embora para o mundo pareçamos ter morrido, encontraremos em Cristo a verdadeira vida. Existe uma promessa de Ressurreição para nós. O Pai, Aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, dará vida aos nossos corpos mortais no último dia. É uma promessa de Deus hoje para nós: a promessa da ressurreição. E o Senhor, como diz o salmo, “é amor fiel em sua Palavra”. Deus não mente; Sua Palavra é a Verdade. Se hoje estamos cansados e fatigados; se o nosso fardo está pesado e se estamos sobrecarregados, nos lancemos nos braços de Cristo, que hoje nos consola e que na eternidade nos acolherá definitivamente em seu Reino, onde experimentaremos as alegrias eternas e recebemos o fruto de todas as nossas lutas e o descanso depois de todo nosso cansaço.