“Ano novo, Vida nova…!”, é o que facilmente sugere a noite de 31/12 para 01/01. a todos é costume desejar um ano ainda mais feliz do que os anteriores.Concepção “casa”
A Escritura Sagrada, em seu estilo, acompanha estes augúrios, estimulando o cristão a sacudir a rotina ou poeira que a caminhada sobre ele deposita…
Muito significativas a propósito são as palavras que São Paulo dirige a seu discípulo Timóteo: “Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que há em ti… Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas um espírito de força, de amor e de sobriedade” (2Tm 1,6s).
Reavivar… Em grego, anazopyrein tem sentido mais forte: lembra um carvão em chama…: esta aos poucos vai-se extinguindo, e deixa apenas uma brasa vermelha; por sua vez, a brasa vai-se recobrindo de cinzas a ponto de não mais se ver o fogo latente no carvão. É preciso então anazopyrein, isto é, soprar em cima das cinzas…; Eis o que o Apóstolo deseja que Timóteo e os cristãos façam periodicamente, a fim de não se deixarem vencer pela timidez, mas restaurarem em si a força, o amor e a sobriedade que Deus lhes deu.
A mornura e a tibieza são os grandes males que ameaçam os cristãos que superam o pecado grave. O Senhor Jesus é severo diante desse tipo de moléstia. Assim diz no Apocalipse: “Não és nem frio nem quente! Mas, porque és morno,… estou para te vomitar da minha boca” (Ap 3,15s). Ser frio ou quente significa ter uma opção definida e empenhar-se corajosa ou até arriscadamente por ela, fugindo de acomodações ambíguas… Ao considerá-las. Pio XII dizia: “O grande mal dos nossos tempos é que os bons estão cansados”.
Em outra passagem, Jesus conta a parábola do senhor que confiou a cada um de seus servidores um talento, e se foi… A voltar, encontrou quem houvesse lucrado dez e cinco talentos; mas achou também quem lhe devolvesse exatamente o mesmo talento; solícito para não o perder, havia-o enterrado; era honesto ou “legal” em aparência. Não obstante, o senhor não o aceitou, porque o talento confiado era um bem móvel; devia ter produzido algo; se não produzira, desvalorizara-se (cf. Mt 25, 14-30). A imagem desse servidor “honesto e legal”, mas estagnado e acovardado, é de grande eloqüência para todos aqueles que têm ideal e querem escapar de uma “santa mediocridade”. O Senhor reprova duramente os servidores que, na sua legalidade tíbia, enganam a si mesmos e ao próximo (talvez sem ter consciência disto).
Possa o início de 2011 trazer a todos os cristãos o estímulo para soprarem sobre as eventuais cinzas do seu coração e fazerem subir alto a chama da coragem e da fé!
Pe. Estêvão Bettencourt, OSB
Texto publicado na Revista Pergunte e Responderemos nº 308, Janeiro/1988.